Roubo e sumiço da taça Jules Rimet completa 30 anos
No ano seguinte ao roubo, restou à CBF acolher uma réplica, feita na Alemanha
A história do roubo é cheia de mistérios. O primeiro deles é a incoerência de guardar no cofre a réplica da taça enquanto a original estava exposta na sala de troféus, protegida por um vidro blindado, mas presa na parede por uma moldura de madeira que foi retirada com uma picareta pelos ladrões. A taça foi levada para ser derretida depois.
"Não sei de quem é a culpa. Nós cumprimos nosso papel e eu tive a honra de erguê-la", contou o capitão do Brasil na Copa de 1970, Carlos Alberto Torres. "Senti um grande impacto quando soube do roubo. É como se cada um daquela seleção perdesse uma parte do corpo. Foi uma ofensa ao povo brasileiro, um
furto nacional", afirmou o ex-zagueiro Piazza.
A polícia chegou aos criminosos após a denúncia de Antônio Setta, que participaria do roubo, mas desistiu. Em 1985, ele morreu de ataque cardíaco. Nenhum dos demais envolvidos no crime passou muito tempo na cadeia. Em 1988, três foram condenados a nove anos de prisão e outro, a três anos de pena. Este último, o argentino Juan Carlos Hernandez, é o acusado de ter derretido a taça.
Já o argentino, que vivia ilegalmente no Brasil, nunca esteve preso por ter derretido a taça, mas só foi capturado em 1998 por tráfico de drogas. Depois de sete anos foi libertado.
ConsoloNo ano seguinte ao roubo, restou à CBF acolher uma réplica, feita na Alemanha. "Eu viajei para buscá-la. É idêntica. Se alguém não sabe que a Jules Rimet foi roubada, vai dizer que é a original. Acho até que é mais bonita porque é novinha", disse Carlos Alberto Torres.
A frustração foi minimizada, mas nem assim é possível para os campeões mundiais se conformarem. "Por mais que um ladrão, um psicopata possa ter coragem de fazer algo, nunca passa pela minha cabeça um pensamento tão simplista de roubar e derreter uma taça", afirmou o ex-goleiro Leão.
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