ESPECIAL GUARANI: 2013, um ano inteiro com cara de sexta-feira 13

ESPECIAL GUARANI: 2013, um ano inteiro com cara de sexta-feira 13

Bugre amagou degola no Paulistão, eliminação na 1ª fase da Copa do Brasil e fracasso na Série C



Campinas, SP, 31 (AFI) – O dia 10 de dezembro de 2012 marcou o início da “Era Álvaro Negrão” no Guarani. Amparado por um grupo de coalizão formado por líderes de diversas alas políticas do Bugre, o novo presidente assumiu um barco naufragando, após mais uma desastrosa gestão – um mês antes Marcelo Mingone deixara o clube às mínguas -, e acabou com uma verdadeira bomba em mãos. Ainda que o cenário fosse aterrorizante, a nova diretoria jamais imaginaria o caos administrativo que encontraria pela frente. Se este era o cenário fora de campo, o que estaria por vir, dentro das quatro linhas, seria apenas um reflexo dos desmandos dos últimos mandatários bugrinos. E assim foi 2013 para o Bugre, um ano com cara de sexta-feira 13.

"Fantasmas" de Mingone assombraram em 2013
Apesar da nova diretoria adotar uma política “pés-no-chão” e tentar ser o mais transparente possível, a falta de experiência no ramo pesou. Mesmo com a redução de quase 70% da folha salarial – passou de mais de R$ 1 milhão para cerca de R$ 400 mil -, os dirigentes bugrinos foram obrigados abusar da criatividade para angariar recursos.
Afinal, não bastasse a dívida de quase R$ 200 milhões e os inúmeros processos trabalhistas em execução, Mingone “limpou o caixa”. Em 2012, ele adiantou a cota do Paulistão de 2013. E como o time disputaria a Série C do Brasileiro – que não possui cotas de TV -, o Guarani praticamente não possuía uma fonte de renda considerável. E, para piorar, o ex-presidente vendeu as principais promessas da base e destaques do time profissional em negociações obscuras. O dinheiro? Sabe-se lá onde foi parar.
Com esta “bucha” para administrar, Negrão e seus pares foram obrigados a abrir espaço para os empresários. Durante toda a temporada, nada menos que 72jogadores passaram pelo futebol profissional do time campineiro, além dos técnicos Zé Teodoro, Branco, Paulo Pereira e Tarcísio Pugliese. E o saldo no ano foi: rebaixamento no Paulistão, eliminação na 1ª fase da Copa do Brasil para o modesto Confiança-SE, queda na 1ª fase da Série C e apenas oito vitórias em 39 jogos - ainda empatou 13 e perdeu 18.

Primeiro semestre para se esquecerQuando a diretoria de Negrão assumiu o Bugre, o clima era de incertezas. As medidas drásticas adotadas pela nova gestão deixaram o torcedor bugrino com a “pulga atrás da orelha”. Ainda assim, a maioria deu voto de confiança. Até porque o que poderia ser pior que o trio ternura José Luís Lourencetti, Leonel Martin e Marcelo Mingone?

Bugre amargou nova quedaFoto: Rodrigo Villalba/Agência FI
A primeira impressão, porém, não foi das melhores. Tão logo o Paulistão começou, o Bugre emplacou cinco jogos sem vitórias, com um empate e quatro derrotas. Uma delas, o dolorido revés para rival Ponte Preta, por 3 a 1, no Brinco. Resultado que derrubou Zé Teodoro e fez o time contratar o tetracampeão Branco.
A mudança de treinador, contudo, não serviu para salvar o Bugre. Vítima da herança maldita, o clube voltou a conviver com a rotina de salários atrasados. Soma-se isso ao elenco limitado, montado por conta das limitações de orçamento, e o resultado foi a pior campanha da história do clube no Paulistão: 10 pontos em 19 jogos e a lanterninha nas mãos.
A campanha pífia culminou no décimo rebaixamento do Bugre, sendo o nono apenas nos últimos 12 anos. Para coroar o primeiro semestre ruim, o Alviverde ainda amargou uma eliminação na primeira fase da Copa do Brasil, diante do modesto (para não dizer algo pior) Confiança-SE.

Quem segura o Bugre?Após a queda no Paulistão e na Copa do Brasil, a diretoria bugrina teria cerca de 40 dias para montar um novo time para Série C. Tempo que, se não o ideal, era suficiente para apagar os incêndios e renovar os ânimos. A proposta era renovar tudo. Com a saída de Paulo Pereira, o jovem promissor Tarcísio Pugliese fora contratado. E junto com ele veio um caminhão de reforços, muitos deles destaques da Caldense-MG, antigo time do novo treinador.

Começo da Série C foi impressionanteFoto: Rodrigo Villalba/Agência FI
Assim como fora no início do ano, o clima era novamente de incertezas, já que o técnico era desconhecido dos torcedores, assim como a maioria dos reforços. Quando a bola começou a rolar, contudo, veio a surpresa. Com um time seguro, o Bugre teve o início arrasador na Série C e chegou a liderar o Grupo B.
Foram incríveis 11 jogos de invencibilidade – com cinco vitórias e seis empates -, além de dez partidas sem tomar um golzinho sequer. O goleiro Juliano chegou a acumular mais de 950 minutos sem ser vazado, batendo o recordo que pertencia ao ídolo Neneca.
Quando conheceu a primeira derrota – perdeu para o Caxias, por 1 a 0, em casa -, a confiança do time não se abalou. Afinal, aquele revés fez o time perder a ponta, mas caindo apenas para vice-liderança da chave. Faltando seis rodadas para o final da 1ª fase, a classificação ainda parecia questão de tempo.
Apagão inexplicávelFoi aí que aconteceu a segunda surpresa da Série C. Aquela derrota para os gaúchos já era o quarto jogo sem vitórias dos comandados de Pugliese, que vinham já de três empates. Sem explicação alguma, o time parece ter sofrido um grande apagão. Nos seis jogos seguintes, foram mais três empates e três derrotas.

Despedida contra o Crac teve pouco mais de 600 corajososFoto: Rodrigo Villalba/agência FI
Se na primeira metade da Série C, o Bugre voou baixo e quebrou recordes, na segunda parte jogou tudo fora. Os seis pontos somados nos últimos dez jogos fizeram o clube amargar uma eliminação precoce inesperada. Eliminação esta, que fez o time entrar de férias faltando quase três meses para encerrar o ano.
Os prejuízos causados pela má performance de 2013 são incalculáveis. No próximo ano, o clube terá de disputar as famigeradas Série A2 e Série C. O único "oásis" é a Copa do Brasil, mas se depender do retrospecto recente a participação bugrina não deve ir muito longe.
Diante de mais um cenário desanimador, a torcida espera que, com um pouco mais de tempo, a nova diretoria consiga superar a herança maldita e, enfim, proporcionar um pouco de alegria. Até porque sabe-se lá onde o Guarani, únicocampeão brasileiro do Interior, poderá acabar em caso de novos rebaixamentos.
 
Agência Futebol Interior

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