Silêncio Alviverde: será o fim do Mandi?

Silêncio Alviverde: será o fim do Mandi?

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 Foram várias e várias tentativas de saber o que de fato está acontecendo com o Clube Atlético Guaçuano, o Mandi. O time não existe mais. Sem jogadores, sem estádio, sem diretoria, sem equipe técnica, o que restou para o Mandi foi seu patrimônio mais valioso: a torcida alviverde.
Em busca de informações sobre o Mandi, a Gazetainiciou uma série de conversas. Ora com um, ora com outro até que um dos conselheiros do clube, Amarildo Donizete Constantino, admitiu para a Gazeta que realmente não há mais ninguém atuando no Guaçuano. “Mas não sei dizer ao certo o que aconteceu. Até fizemos algumas reuniões para tentar reerguer o time no ano que vem, só que não surtiu nenhum resultado”.
Os portões do estádio municipal “Alexandre Augusto Camacho” estão fechados. Quem olha para dentro dele não vê qualquer vestígio do que um dia foi o Atlético Guaçuano. O gramado está sem os cuidados que deveria receber e as reformas que precisam ser feitas no estádio estão longe de terem início.
Sem ninguém oficialmente para falar sobre o Clube Atlético Guaçuano, a torcida agora está no vácuo torcendo unicamente por um desfecho feliz para o clube: que ele volte a ser a grande alegria de Mogi Guaçu.
multi jogo guacuano x mariliaMANDI: RAIO-X
Sem diretoria, com dívidas, sem estádio e falta de documentações 
 Quem olha no site oficial da FPF (Federação Paulista de Futebol – www.futebolpaulista.com.br) se depara com o nome de Paulo César Sabino da Silva como presidente do Clube Atlético Guaçuano. Mas, na realidade, ele configura como sendo o último presidente do Mandi, já que seu mandato expirou no dia 10 de outubro de 2016. De lá para cá, o presidente do clube é Israel Lanza, o Timba. Porém, um detalhe de suma importância pode colocar em dúvida a legalidade de seu mandato: a ata da eleição que deu a Lanza o título de presidente do Mandi. Para que seu mandato seja de fato válido e legal, esta ata precisa estar registrada em Cartório. A Gazeta não conseguiu confirmar se há este registro, justamente porque ninguém quer responder oficialmente pelo Mandi. A reportagem ligou insistentemente no número de celular que pertence à Lanza durante vários dias e não houve retorno das ligações. O mesmo aconteceu quando a reportagem tentou falar sobre o assunto com Paulo Sabino.
Lanza
Lanza
O Departamento Jurídico da Federação Paulista de Futebol informou à Gazeta que o nome de Israel Lanza nunca configurou como presidente do Atlético Guaçuano. A ata da última eleição feita pelo clube também não foi entregue à Federação. Portanto, há várias documentações exigidas pela FPF que estão pendentes complicando a situação jurídica do Mandi junto à Federação. “Sem a entrega da ata da eleição, a Federação Paulista somente vai reconhecer Lanza como presidente do clube se nos for entregue o registro da ata em Cartório, o que ainda não foi feito pela direção do Mandi”, explicou um dos advogados.
E o que fazer se o Atlético Guaçuano não tem mais diretoria? Se a presidência de Lanza corre o risco de ser considerada ‘fantasma’ por falta de registro em Cartório? Se o clube sequer tem um presidente? Estas perguntas seguem sem respostas. “O Mandi segue filiado à Federação Paulista, mas todas as pendências do clube precisam ser resolvidas o quanto antes porque já está indo para o terceiro ano de irregularidades. Caso alcance cinco anos nessa situação, o risco da desfiliação se torna inevitável”, frisou o departamento de filiação da Federação Paulista.
Paulo Sabino
Paulo Sabino
Outra informação que a Gazeta buscou junto à Federação é sobre a dívida do Mandi. Quanto o clube deve ao todo para a FPF? “Estes números podemos informar somente ao presidente do clube por meio de ofício”, justificou o departamento.
Gazeta apurou que o Mandi deve o pagamento de duas taxas de filiação: uma referente ao ano de 2016 e outra ao ano de 2017. “Isso mesmo. Não houve estes pagamentos e também não temos nenhum atleta do clube cadastrado na Federação Paulista de Futebol”, confirmou o advogado.
De acordo com a apuração da reportagem junto à própria Federação Paulista, as duas taxas de filiação – que significam a renovação anual – somam um valor aproximado de R$ 20 mil em débitos.
TRAJETÓRIA
Da glória a agonia
 Fundado em 26 de fevereiro de 1929, o Clube Atlético Guaçuano segue firme e forte na preferência de milhares de torcedores de Mogi Guaçu. Quem acompanhou toda a trajetória do Mandi tem bem vivo na memória as vitórias conquistadas pelo time alviverde e as grandes oportunidades alcançadas pelo time. A última delas foi em maio de 2012, quando o Guaçuano enfrentou o Marília no estádio do Camacho – lotado – valendo o acesso à Série A-2 do Paulistão. O time não conseguiu vencer o jogo, mas fortaleceu sua vontade de continuar brilhando dentro das quatro linhas.
multi jogo guacuano x mariliaAo se manter na Série A-3 do Campeonato Paulista, em 2014, o Mandi ficou em último lugar (na 20ª colocação) na tabela de classificação. De lá para cá, o clube não conseguiu mais se reerguer. Sem futebol de base e perdendo os jogadores profissionais que atuavam no profissional do time, o Mandi foi aos poucos agonizando e agora se encontra praticamente sem vida.
Um grupo de torcedores intitulado G.A.M. (Grupo Amigos do Mandi) tenta manter acesa a luz do clube. Este ano, o grupo fez um jogo amistoso com ex-jogadores do Guaçuano em comemoração aos 25 anos de acesso do time à Série A do Paulistão. O evento foi um sucesso marcado, principalmente, pelo entusiasmo da torcida que vibrou ao ver o time novamente em campo. Diante do fim do Mandi, representantes do G.A.M. preferiram não se manifestar por enquanto e aguardam o desenrolar dos fatos.
Na Prefeitura de Mogi Guaçu, o secretário de Obras e Viação, Salvador Franceli, afirmou que há muito tempo não é mais procurado pelo então presidente do Mandi, Israel Lanza. Isso porque, o estádio municipal do Camacho precisa passar por reformas de adequação em suas arquibancadas para que possa estar de acordo com as normas exigidas pela Federação Paulista de Futebol, a fim de receber a torcida quando os jogos forem válidos pelo Campeonato Paulista. “Essa reforma está parada há vários meses. Nunca mais conversei com o Lanza e nem com ninguém que se diga representante do Mandi. A única reforma que a Prefeitura concluiu foi na laje da marquise, que fica na arquibancada de concreto. Essa reforma foi exigida pelo Ministério Público local”, explicou Franceli.
multi estadio camacho arquibancada

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