ESPECIAL SUL-AMERICANA: Macaca quase perde "virgindade", mas a taça é dos hermanos

ESPECIAL SUL-AMERICANA: Macaca quase perde "virgindade", mas a taça é dos hermanos

A Ponte Preta foi guerreira, mas o Lanús mereceu conquistar o título




Campinas, SP, 24 (AFI) – Nem mesmo um vidente poderia imaginar a final da Copa Sul-Americana sendo disputada entre Ponte Preta e Lanús, dois times até então quase desconhecidos fora de Brasil e Argentina, respectivamente. Pois é, isso realmente aconteceu. Guerreira, a Macaca, apesar do rebaixamento, fez bonito em sua primeira competição internacional ao longo dos 113 anos de história, superou barreiras e desbancou a soberba são-paulina, mas mesmo assim não conseguiu o título inédito. A taça, que estava no Brasil, foi parar de forma merecida com nossos hermanos: os argentinos.

 Confira! 

Comandados pelo ex-jogador Guillermino Barros Schelotto, os jogadores grenás passaram pelos compatriotas do Racing de forma tranquila, com duas vitórias (2 a 1 e 2 a 0). Na oitava de final, não tomou conhecimento e goleou a Universidad do Chile por 4 a 0 no La Fortaleza e depois perdeu por 1 a 0, fora de casa. Diante do rival River Plate, o Lanús correu o risco de ser eliminado ao empatar sem gols em casa, mas surpreendeu e venceu em pleno Monumental, por 3 a 1. Para chegar até a final, duas vitórias sobre o Libertad-PAR, ambas por 2 a 1.

Comendo pelas beiradas e ainda focada em permanecer na elite do Campeonato Brasileiro, a Ponte Preta passou na fase brasileira pelo Criciúma e depois no sufoco pelo Deportivo Pasto, levando uma grande pressão na altitude. Só essa campanha já deixaria o torcedor alvinegro satisfeito. Mas não, a Macaca queria ir ainda mais longe. Nas duas fases seguintes, dois campeões mundiais. Primeiro veio o Vélez Sarsfield. Em Campinas, empate sem gols. Quem imaginaria a classificação em plena Argentina? Elias e Fernando Bob fizeram questão de tornar o sonho em realidade e garantiram a fez dos quase mil pontepretanos presentes nas arquibancadas do José Amalfitani.
Mais uma vez, torcedores e jogadores já estavam satisfeitos com o que havia acabado de acontecer. A Ponte Preta virou manchete internacional e, mesmo ainda apontada como azarão, começou a ganhar respeito dos outros países sul-americanos, principalmente dos argentinos. O apoio incondicional de seus torcedores também foi enaltecido. Depois disso, a Macaca estava praticamente rebaixada no Brasileirão e mirou todas as suas atenções para as semifinais, que seria contra o São Paulo. A disputa, porém, começou fora de campo. Mas esse é um assunto que será tratado daqui a pouco!
Uma atuação impecável de todo o time a partir dos 25 minutos do primeiro tempo fez a Ponte Preta calar mais de 60 mil pessoas no Morumbi com uma vitória incontestável por 3 a 1. Depois de muita polêmica sobre o local do jogo – o Moisés Lucarelli não tinha capacidade mínima exigida no regulamento para receber uma semifinal –, a diretoria escolheu a cidade de Mogi Mirim para receber o confronto. Mais de 13 mil pontepretanos transformaram o Romildo Gomes Ferreira em Mogistoso e comemoraram a vaga na final com um empate por 1 a 1.
A grande final
Ponte Preta e Lanús já haviam conseguido um grande feito ao chegarem na decisão da Copa Sul-Americana, tendo surpreendido a todos conforme iam avançando de fase. Mas, agora que chegaram, queriam o título. A Macaca em busca da sua primeira conquista de expressão ao longo dos 113 anos de história. O Lanús idem, além de comprovar o bom momento que vinha passando, brigando também pelo título do Campeonato Argentino. No Brasil, empate por 1 a 1. Na Argentina, a qualidade técnica acabou fazendo a diferença e os grenás conseguiram, de forma merecida, vencerem por 2 a 0 e comemorarem o título.

De acordo com o regulamento da Conmebol, um estádio para receber a final precisaria ter capacidade mínima de 40 mil pessoas. Por isso, logo depois de bater o São Paulo, a diretoria da Ponte Preta confirmou que o jogo seria realizado no Estádio do Pacaembu, na Capital paulista. Assim como transformou o Romildo Gomes Ferreira no “Mogistoso”, a torcida alvinegra fez o Pacaembu virar o “Macacaembu”. Quase 100 ônibus deixaram Campinas e mais de 30 mil pontepretanos fizeram uma bonita festa nas arquibancadas. No fim, o empate por 1 a 1 deixou no ar a expectativa de que, enfim, o grito de campeão sairia da garganta.
Foi justamente essa expectativa que levou praticamente quatro mil pontepretanos a invadirem as ruas de Buenos Aires dias antes da segunda partida. Todos ali sabiam que seria difícil, mas não custava acreditar. Quando a bola rolou, quem fez a festa foram os donos da casa. E que festa! Uma torcida apaixonada e que não parou de cantar um minuto sequer transformou o Estádio La Fortaleza em um caldeirão. Contagiados, os jogadores grenás liquidaram a partida ainda no primeiro tempo e apenas administram na etapa final, conquistando o título com uma vitória por 2 a 0.
De forma merecida, o troféu da Copa Sul-Americana ficou nas mãos do Lanús, que tinha um time superior ao da Macaca e fez por merecer dentro de campo, não precisou causar polêmica fora das quatro linhas como outros, o título. Apesar da tristeza, os pontepretanos voltaram para Campinas com sentimento de dever cumprido e cientes de que, agora, todos na América do Sul conhecem a Ponte Preta. Ou melhor: a Puente Negra, como diziam os argentinos.
Polêmica e alerta para a Conmebol
Uma polêmica nas semifinais da Sul-Americana abriu os olhos da Conmebol. Segundo o regulamento da entidade, jogos das oitavas até as semifinais só podem ser realizados em estádios com capacidade mínima de 20 mil pessoas, enquanto, para a grande final, a capacidade mínima é de 40 mil. O Estádio Moisés Lucarelli tinha capacidade máxima, de acordo com o laudo do Corpo de Bombeiros, para receber pouco mais de 18 mil pessoas. Ou seja, os jogos contra Deportivo Pasto e Vélez Sarsfield precisariam ser realizados em outros lugares. Mas, como ninguém reclamou, foi mantido no Majestoso.
O São Paulo, porém, bateu o pé dizendo que não iria jogar no Moisés Lucarelli por causa do regulamento e também por questão de segurança. A diretoria pontepretana tentou de todos os jeitos conseguir um laudo junto ao Corpo de Bombeiros alegando que, com algumas reformas, o estádio poderia receber mais de 20 mil pessoas. Mas tudo em vão. Com mais força política, o Tricolor ganhou a queda de braço e a Macaca mandou seu jogo para Mogi Mirim. O resultado dentro de campo, no entanto, foi diferente e quem levou a melhor foram os campineiros.

Todos alegavam falta de bom senso do São Paulo em tirar o jogo de Campinas. Mesmo porque, se for levar em conta a questão da segurança, seria muito mais perigoso mandar a partida para Mogi Mirim, com a possibilidade de duas torcidas grandes se encontrarem na estrada. Os ânimos se esquentaram depois do presidente Juvenal Juvêncio ter dito que futebol não era feito para “virgens”, uma provocação pelo fato da Ponte Preta não ter conquistado um título de expressão ao longo de toda sua história. Uma tragédia estava anunciada, mas, por competência da polícia, tudo ocorreu tranquilamente.
Na verdade, foi justamente no Morumbi, estádio do São Paulo, que aconteceram os maiores problemas. O ônibus com a delegação pontepretana chegou ao local do primeiro jogo da semifinal apedrejado. O gerente de futebol da Macaca, Marcus Vinícius, entrou no clima das provocações e cutucou o presidente tricolor: “Ele não chama Juvenal Juvêncio e sim Juvenil Juvêncio. Eu já não gostava do São Paulo. Agora gosto ainda menos”.
Toda essa polêmica liga o sinal de alerta na Conmebol, que precisa avaliar melhor o seu regulamento. O que tem que ser avaliado são as questões de segurança do estádio e não a capacidade mínima. De que adianta ter um estádio com capacidade para quase 70 mil pessoas e mesmo assim o ônibus do adversário ser apedrejado na entrada? Ou torcidas adversárias circulando entre si – foi assim no Morumbi -, podendo a qualquer momento acontecer uma confusão generalizada? Fica a dica para os “sabedores de tudo” que criaram o regulamento.
 
Agência Futebol Interio

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